Resumo: | Os progressos alcançados pela medicina e pelas ciências proporcionaram conhecimentos suficientes para que a atitude e a atuação do médico se orientem cada vez mais, no sentido de tanto prevenir quanto remediar as enfermidades. A formação do médico deve refletir esses progressos, e ao estudante cumpre administrar-se uma visão ampla e bem equilibrada da medicina, na qual a prevenção e a cura estejam ambas representadas, num justo pé de igualdade. Essa nova tendência ocorre ao mesmo tempo em que se procura ajustar o ensino da medicina aos últimos progressos científicos e às responsabilidades, sempre em evolução, do médico para com a sociedade. Ainda não existe um acordo geral quanto ao emprego e à propriedade das várias definições surgidas em conseqüência dessa evolução. As expressões “medicina preventiva”, “saúde pública”, “medicina social”, “higiene” e outras são muitas vezes usadas indiferentemente, como se fossem sinônimas, embora definam, cada uma delas, aspectos diversos do problema da saúde. Todavia, todas se relacionam, pelo menos em certo sentido, com o lado preventivo da medicina. O ensino da medicina social e preventiva tem por escopo proporcionar ao estudante uma formação científica que o capacite a encarar os problemas da recuperação e da preservação da saúde de um indivíduo, não isoladamente, mas como componente de uma família, grupo, ou comunidade. É igualmente indispensável oferecerem-se os meios de familiarizar-se suficientemente com as técnicas e os recursos necessários ao perfeito desempenho desse aspectos da sua missão para que ele os saiba utilizar na prática. Deve-se animá-lo a adquirir, no seu modo de encarar a medicina e no desempenho prático da sua função de médico, o senso exato de suas responsabilidades, não só quanto à cura, mas também quanto à prevenção das doenças. Entretanto, é preciso que se ensine como adquirir essa mentalidade, que se dá através da mudança dos programas de ensino: novas matérias devem ser incluídas, como por exemplo, conhecimentos estatísticos da saúde, sociologia médica, geral, psicologia e prática do trabalho social.. A psicologia, no quanto pode ajudar a solver os problemas de ordem psíquica que o clínico geral vai encontrando no desempenho das suas funções, poderia ser também incluída no ensino da medicina preventiva. Também tem tido bons resultados a iniciativa de deixar-se o estudante participar de programas sanitários nos quais lhe seja dado observar o ser humano no seu ambiente natural, isto é, em casa e no trabalho, e não apenas no meio “artificial” de um hospital. Uma vez que, nas atuais circunstâncias, o que cumpre tomar-se como ponto de partida para as linhas que, irradiando-se por um campo de ação mais amplo, vão abrangendo, gradualmente, a família, o grupo, a comunidade. Com o objetivo de fazer frente à situação atual do ensino da medicina social e preventiva no estado em que se encontra na maioria das escolas de medicina, a Comissão de Peritos em Organização Técnica e Profissional criada pela Organização Mundial da Saúde considerou as seguintes condições essenciais para a organização de um ensino adequado: a) condição de cadeira independente, com o seu respectivo professor catedrático; b) apoio da administração da universidade e da escola, inclusive a consignação de uma verba adequada; c) apoio e cooperação dos demais membros da faculdade; d)meios e recursos para a realização de pesquisas em certos campos relacionados com a medicina preventiva e social; e) participação e responsabilidade num programa clínico – entendendo-se como “clínica” qualquer atividade médica exercida sobre seres humanos – pois que, para tornar o ensino da medicina preventiva interessante e valiosos para o estudante, é indispensável baseá-lo no trabalho direto com o paciente: a medicina preventiva não pode ser ensinada somente através de exposições abstratas^ipt.
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